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Transformação digital e o futuro da carreira jurídica: como a tecnologia está moldando um novo Direito?

01/04/2025 - Na mídia

Foto Transformação digital e o futuro da carreira jurídica: como a tecnologia está moldando um novo Direito?

Lex Legal | Luciano Teixeira – São Paulo | 28/03/2025 | Ricardo Winter

Nos últimos anos, o setor jurídico tem sido impactado de forma irreversível pela revolução digital. O que antes era visto como um universo conservador, baseado em papéis, longas horas de pesquisa e uma prática pouco automatizada, agora se depara com ferramentas tecnológicas cada vez mais presentes na rotina de advogados e escritórios de advocacia. Inteligência Artificial (IA), automação, jurimetria e plataformas digitais são apenas algumas das inovações que estão mudando profundamente o modo como o Direito é exercido no Brasil e no mundo.

Mais do que uma evolução pontual, trata-se de uma transformação estrutural. A tecnologia está redefinindo funções, habilidades exigidas, formatos de trabalho e relações com os clientes. Neste cenário, adaptar-se é mais do que um diferencial competitivo: é uma necessidade.

A tecnologia como aliada da prática jurídica

Automatizar tarefas repetitivas e administrativas é um dos principais avanços proporcionados pela digitalização do Direito. Softwares jurídicos conseguem realizar buscas jurisprudenciais em segundos, organizar processos, gerar relatórios, contratos padronizados e manter arquivos em nuvem com segurança. Com isso, os profissionais podem direcionar seus esforços para atividades mais analíticas e estratégicas.

“A inteligência artificial pode ser vista como uma importante aliada do advogado. Ela pode ser aplicada para automatizar tarefas repetitivas — como revisão de textos, organização de prazos ou pesquisas —, ou até para a análise de casos complexos, de forma a promover maior ganho de produtividade na atividade jurídica. No entanto, cabe sempre ao advogado a checagem crítica do material gerado, bem como a responsabilidade final pelas decisões”, avalia Marcus Valverde, sócio do MVSA Advogados.

“A IA deve ser compreendida como uma extensão da capacidade do advogado — um instrumento que otimiza fluxos, sistematiza grandes volumes de informação e reduz o tempo gasto em tarefas repetitivas, mas sem substituir o raciocínio jurídico ou o julgamento crítico”, afirma Daniel Becker, sócio das áreas de Contencioso e Arbitragem e de Proteção de Dados e Inteligência Artificial no BBL Advogados.

Segundo o especialista, o uso dessas tecnologias exige atenção redobrada à ética profissional e à autonomia do advogado. “Transparência algorítmica é um ponto crítico: os profissionais precisam saber quais dados alimentam os sistemas, quais vieses podem estar embutidos nos modelos e, principalmente, devem manter a responsabilidade final pelas decisões tomadas com apoio dessas ferramentas”, completa.

No entanto, os desafios são muitos: desde a capacitação de profissionais para lidar com essas ferramentas, até a necessidade de investimentos estruturais por parte dos escritórios e empresas. Sem contar as preocupações com a segurança de dados, o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o debate ético sobre o uso da IA na tomada de decisões legais.

“A principal barreira atual está na dificuldade dos departamentos jurídicos em compreender o valor real gerado pela IA. A eficiência obtida — por exemplo, a redução de uma revisão contratual de 30 para 5 minutos — precisa ser traduzida em impacto financeiro mensurável, o que esbarra nos modelos tradicionais de gestão, ainda muito centrados no contencioso e em estruturas de custo fixo”, explica Ricardo Winter, sócio de Legal Opportunities do escritório Simões Pires.

Planejamento de carreira: um novo mapa para o jurista contemporâneo

Em um mundo jurídico em transformação, é fundamental que o profissional do Direito planeje sua carreira de forma estratégica. Isso significa compreender as novas demandas do mercado, identificar áreas em ascensão e investir no desenvolvimento de habilidades que vão além do conhecimento doutrinário ou processual.

“O mercado que entende que habilidade digital não é apenas saber usar ferramentas, mas sim estruturar problemas, trabalhar de forma ágil, iterar soluções e interpretar dados de forma crítica, sai na frente — e está construindo um novo padrão de excelência jurídica”, diz Daniel Becker.

Avaliar preferências pessoais, mapear oportunidades, acompanhar tendências e desenvolver habilidades como pensamento crítico, interpretação de dados e familiaridade com tecnologias digitais é essencial na avaliação dos especialistas consultados. Estar presente nas redes sociais profissionais, como o LinkedIn, também pode abrir portas e fortalecer a imagem profissional.

Matheus Gil de Oliveira, advogado do M.A. Santos Côrte Real e Associados, especialista em Direito Digital, alerta que a formação do novo jurista passa por um entendimento do papel da tecnologia. “Hoje, é comum vermos escritórios valorizando habilidades como uso de softwares jurídicos, interpretação de dados e até comunicação em ambientes digitais. As faculdades, por sua vez, ainda caminham lentamente nessa direção. A realidade da advocacia está mudando — e a formação acadêmica precisa acompanhar esse ritmo”, pontua.

Direito digital, ambiental e da inteligência artificial: áreas em ascensão

Com o aumento da digitalização da sociedade, surge uma demanda crescente por especialistas em Direito Digital. Profissionais que compreendem LGPD, cibersegurança, propriedade intelectual online, contratos eletrônicos e regulação de plataformas digitais estão em alta.

O Direito Ambiental também ganha protagonismo, impulsionado pelas exigências regulatórias e o fortalecimento de pautas sustentáveis no mundo corporativo. Já o Direito da Inteligência Artificial, ainda emergente, tende a se tornar estratégico nos próximos anos, dado o crescimento exponencial do uso de IA em setores como saúde, mobilidade, serviços financeiros e governo.

Para os advogados, fortalecer a marca pessoal tornou-se um dos pilares da carreira jurídica moderna. Postagens regulares, participação em discussões online, publicação de artigos e produção de conteúdo de valor agregam visibilidade e autoridade ao profissional.

Mais do que um currículo digital, plataformas como o LinkedIn funcionam como um espaço para conexões estratégicas, troca de experiências e oportunidades. Ao mesmo tempo, é essencial manter um cuidado com a ética e a veracidade das informações compartilhadas.

Tendências para o futuro da advocacia

Os advogados do futuro serão aqueles capazes de equilibrar a tradição jurídica com a inovação tecnológica. Saber usar a IA para otimizar tarefas, gerenciar dados com eficiência, automatizar fluxos e se comunicar de forma assertiva com o cliente será determinante.

“A tecnologia deve potencializar o advogado, não diluir sua responsabilidade. A autonomia profissional precisa ser protegida não apenas tecnicamente, mas também institucionalmente — com políticas internas claras, cláusulas contratuais bem redigidas e revisão humana permanente”, resume Daniel Becker.

“A inteligência artificial deve ser aliada estratégica na construção de um Direito mais eficiente, mas sem abrir mão da inteligência humana que fundamenta o pensamento jurídico”, afirma Ricardo Winter.

A mentalidade de aprendizagem contínua e a capacidade de adaptação se tornam atributos-chave. A formação tradicional do Direito segue sendo relevante, mas precisa ser complementada por habilidades digitais, visão de negócio e comportamento colaborativo.

Planejar a carreira jurídica em tempos de transformação digital é mais do que uma escolha estratégica – é um imperativo para quem deseja se manter relevante. Os profissionais que compreenderem esse novo cenário e souberem integrar conhecimento jurídico com competências digitais sairão na frente.

Veja também: STF julga se banco ou comprador é responsável por IPVA de veículo financiado

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